O cultivo de morangos é uma atividade de alto valor, mas as doenças no morango podem causar perdas significativas se não forem manejadas corretamente. Fungos, bactérias, vírus e até problemas de causa desconhecida, como o “vermelhão”, ameaçam a produtividade e a qualidade dos frutos. Este artigo detalha todas as doenças descritas no documento “Principais doenças do morangueiro no Brasil e seu controle”, abordando sintomas, disseminação, controle e erros comuns no manejo, com foco em estratégias para otimizar a produção e evitar prejuízos.
A prevenção é a chave para o sucesso no cultivo de morangos. As doenças no morango se espalham rapidamente em condições de alta umidade, solos mal drenados ou por mudas contaminadas. Adotar mudas sadias, práticas de irrigação adequadas e fungicidas registrados pelo MAPA é essencial para proteger a lavoura. Vamos explorar cada doença, seus impactos e como evitar falhas custosas.
Mancha Angular: A Ameaça Bacteriana 🦠
A mancha angular, causada pela bactéria Xanthomonas fragariae, é a única doença bacteriana economicamente relevante no morangueiro no Brasil. Inicia-se com pequenas manchas verdes e encharcadas na face inferior das folhas, evoluindo para lesões marrons irregulares com exsudação bacteriana. A disseminação ocorre via mudas contaminadas, chuva ou irrigação por aspersão.
Um erro comum é usar mudas de origem duvidosa, o que facilita a introdução da bactéria na lavoura. O controle envolve o uso de mudas sadias, evitar irrigação por aspersão e monitoramento constante. Negligenciar essas práticas pode levar a perdas expressivas, especialmente em períodos chuvosos.
Antracnose: A “Doença de Chocolate” 🍫
A antracnose, causada por Colletotrichum gloeosporioides, C. fragariae e C. acutatum, é uma das doenças no morango mais graves. Afeta caules, estolões, folhas, flores e frutos, com sintomas como podridão marrom no rizoma (“doença de chocolate”), flores pretas (“flor-preta”) e frutos mumificados ou apodrecidos. Em condições de alta umidade, massas róseas ou alaranjadas do fungo aparecem nas lesões.
A disseminação ocorre por gotas d’água e mudas infectadas. Falhas como não realizar rotação de culturas ou usar mudas contaminadas agravam o problema. O controle inclui mudas certificadas, fungicidas registrados no MAPA e remoção de restos vegetais. Ignorar essas medidas pode resultar em perdas totais.
Mancha de Micosferela: A Mancha Foliar Comum 🍂
A mancha de micosferela, causada por Mycosphaerella fragariae, é uma das doenças no morango mais frequentes. Começa com manchas púrpuras arredondadas nas folhas, que evoluem para um centro acinzentado, podendo coalescer e causar queima foliar. Também afeta pecíolos, cálices e frutos, sendo disseminada pelo vento.
Produtores erram ao não aplicar fungicidas registrados ou ignorar a limpeza de restos vegetais. O controle depende de pulverizações com fungicidas do MAPA e manejo integrado. A falta de atenção a essa doença pode reduzir a área fotossintética, impactando a produção.
Mancha de Diplocarpon: A Escaldadura Foliar 🔍
Causada por Diplocarpon earliana, a mancha de diplocarpon, ou escaladura da folha, é menos comum, mas afeta folhas, pecíolos, pedúnculos, cálices e estolões. Apresenta manchas púrpuras irregulares, sem o centro branco típico da mancha de micosferela. A disseminação ocorre pelo vento.
Um erro comum é confundir essa doença com a mancha de micosferela, atrasando o tratamento. O controle envolve fungicidas registrados e monitoramento. A negligência pode comprometer partes da planta, reduzindo o vigor geral.
Mancha de Dendrofoma: Crestamento Secundário 🍃
A mancha de dendrofoma, causada por Dendrophoma obscurans, é uma doença secundária que afeta folhas velhas no final do ciclo, em temperaturas elevadas. As manchas foliares são arredondadas, com centro marrom e borda púrpura, disseminadas por gotas d’água.
Produtores frequentemente ignoram essa doença por sua menor gravidade, mas em condições favoráveis, pode se espalhar. O controle, quando necessário, usa fungicidas registrados. A falta de manejo pode agravar o problema em plantas já debilitadas.
Mancha de Pestalotiopsis: Uma Nova Ameaça 🌿
Causada por Pestalotiopsis sp., essa doença é recente no Brasil, mas crescente em estados como Espírito Santo e São Paulo. Provoca lesões foliares castanho-escuras com acérvulos fúngicos, podendo infectar estolões e pecíolos, levando à morte de mudas. A disseminação ocorre por gotas d’água.
A ausência de fungicidas registrados dificulta o controle, sendo a irrigação por gotejamento e cultivares resistentes, como ‘Dover’, as melhores opções. O uso de mudas contaminadas é uma falha grave que aumenta sua incidência.
Oídio: O Fungo 💨
O oídio, causado por Oidium sp. (Sphaerotheca macularis), é secundário, mas comum em cultivos sob túneis plásticos ou em climas secos. Forma manchas esbranquiçadas em folhas, estolões, flores e frutos, sendo disseminado pelo vento.
Produtores erram ao subestimar o oídio em ambientes protegidos. O controle usa fungicidas registrados e manejo ambiental para reduzir a umidade. A falta de ação pode comprometer a qualidade dos frutos.
Murcha de Verticílio: A Morte Silenciosa 🌱
A murcha de verticílio, causada por Verticillium dahliae, é uma das doenças no morango mais graves. Provoca murcha e necrose em folhas periféricas, escurecimento vascular no rizoma e morte da planta. Algumas plantas sobrevivem, mas com desenvolvimento reduzido.
O plantio em solos infestados é um erro comum. O controle inclui mudas sadias, cultivares tolerantes e solos não contaminados. Ignorar essas práticas pode levar à perda total da lavoura.
Podridões de Raízes: Um Complexo Devastador 🕳️
As podridões de raízes, causadas por Rhizoctonia spp., Fusarium sp., Sclerotium rolfsii e Phytophthora spp., afetam raízes e caules, causando murcha, deficiência nutricional e morte. A Phytophthora spp. provoca raízes avermelhadas e frutos amargos, enquanto Rhizoctonia solani causa cancros no pseudocaule. A disseminação ocorre por solo, água e mudas.
Erros incluem plantio em solos encharcados e falta de rotação de culturas. O controle envolve:
- Mudas sadias;
- Rotação de culturas;
- Drenagem adequada;
- Canteiros elevados.
Mofo Cinzento: O Pesadelo Pós-Colheita 🌫️
O mofo cinzento, causado por Botrytis cinerea, é um grande problema na pós-colheita. Forma uma massa cinzenta em frutos maduros, com infecções quiescentes que se manifestam após a colheita. É disseminado pelo vento e restos vegetais.
A falta de limpeza de restos infectados e pulverizações inadequadas são falhas comuns. O controle inclui remoção semanal de resíduos, fungicidas registrados e refrigeração dos frutos.
Podridão de Rizópus: Podridão Mole 🍓
Causada por Rhizopus stolonifer e R. nigricans, a podridão de rizópus provoca podridão mole e aquosa em frutos, com mofo branco que evolui para preto. Ocorre no campo e na pós-colheita.
Erros como embalar frutos molhados ou feri-los durante a colheita agravam o problema. O controle envolve cuidado no manuseio, refrigeração e evitar umidade excessiva.
Outras Podridões de Frutos: Diversos Vilões 🍎
Além das citadas, podridões por Sclerotinia sclerotiorum, Geotrichum sp., Pestalotia sp., Phomopsis spp. e leveduras afetam frutos no campo e na pós-colheita. Causam apodrecimento e depreciação comercial.
O controle inclui evitar encharcamento, proteger frutos do contato com o solo e cuidados na colheita. A falta de atenção a essas práticas reduz a qualidade do produto.
Virose no Morangueiro: Inimigos Invisíveis 🦟
As viroses, como o mosqueado (SMoV), encrespamento (SCV), clorose marginal (SMYEV) e faixa das nervuras (SVBV), são transmitidas por pulgões e causam perdas de até 30%. O mosqueado reduz o crescimento, o encrespamento diminui o tamanho dos frutos, a clorose marginal causa amarelecimento, e a faixa das nervuras provoca manchas cloróticas.
O uso de mudas não certificadas é a principal falha. Medidas de controle incluem:
- Mudas livres de vírus;
- Controle de pulgões com inseticidas registrados;
- Destruição de plantas sintomáticas;
- Eliminação de restos de safra.
Vermelhão: O Mistério do Morangueiro ❓
O “vermelhão” é uma condição de causa desconhecida, com folhas avermelhadas, raízes escuras e baixo desenvolvimento. Algumas plantas sobrevivem, mas com produtividade reduzida.
Solos mal preparados e mudas de baixa qualidade agravam o problema. O controle envolve práticas gerais, como rotação de culturas e drenagem adequada, até que a causa seja identificada.
Resumo das doenças:
| Doença | Causa | Principais Sintomas | Controle |
|---|---|---|---|
| Mancha Angular | Bactéria Xanthomonas fragariae | Manchas verdes encharcadas na face inferior das folhas, evoluindo para lesões marrons irregulares com exsudação bacteriana. | Uso de mudas sadias, evitar irrigação por aspersão, monitoramento constante. |
| Antracnose | Fungos Colletotrichum gloeosporioides, C. fragariae, C. acutatum | Podridão marrom no rizoma (“doença de chocolate”), flores pretas (“flor-preta”), frutos mumificados ou apodrecidos. | Mudas certificadas, rotação de culturas, fungicidas registrados no MAPA, remoção de restos vegetais. |
| Mancha de Micosferela | Fungo Mycosphaerella fragariae | Manchas púrpuras arredondadas nas folhas, com centro acinzentado, podendo coalescer e queimar folhas. | Fungicidas registrados no MAPA, remoção de restos vegetais, manejo integrado. |
| Mancha de Diplocarpon | Fungo Diplocarpon earliana | Manchas púrpuras irregulares em folhas, pecíolos, pedúnculos, cálices e estolões, sem centro branco. | Fungicidas registrados no MAPA, monitoramento para evitar confusão com mancha de micosferela. |
| Mancha de Dendrofoma | Fungo Dendrophoma obscurans | Manchas foliares arredondadas com centro marrom e borda púrpura, em folhas velhas no final do ciclo. | Fungicidas registrados no MAPA, quando necessário, manejo em temperaturas elevadas. |
| Mancha de Pestalotiopsis | Fungo Pestalotiopsis sp. | Lesões foliares castanho-escuras com acérvulos, podendo afetar estolões e pecíolos, causando morte de mudas. | Irrigação por gotejamento, cultivares resistentes (ex.: ‘Dover’), evitar mudas contaminadas. |
| Oídio | Fungo Oidium sp. (Sphaerotheca macularis) | Manchas esbranquiçadas em folhas, estolões, flores e frutos, comum em climas secos ou túneis plásticos. | Fungicidas registrados no MAPA, manejo ambiental para reduzir umidade. |
| Murcha de Verticílio | Fungo Verticillium dahliae | Murcha e necrose em folhas periféricas, escurecimento vascular no rizoma, morte da planta ou crescimento reduzido. | Mudas sadias, cultivares tolerantes, plantio em solos não infestados. |
| Podridão de Phytophthora | Fungos Phytophthora fragariae, P. nicotianae, P. cactorum | Raízes avermelhadas, frutos amargos com mofo branco, murcha em solos encharcados. | Canteiros altos, irrigação por gotejamento, mudas sadias, drenagem adequada. |
| Podridão de Rhizoctonia | Fungo Rhizoctonia solani | Cancros no pseudocaule, podridão de raízes, decomposição de gemas e frutos. | Rotação de culturas, mudas sadias, drenagem adequada. |
| Mofo Cinzento | Fungo Botrytis cinerea | Massa cinzenta em frutos maduros, infecções quiescentes na pós-colheita, afeta folhas e cálices. | Remoção semanal de restos vegetais, fungicidas registrados, refrigeração de frutos. |
| Podridão de Rizópus | Fungos Rhizopus stolonifer, R. nigricans | Podridão mole e aquosa em frutos, mofo branco evoluindo para preto. | Cuidado no manuseio, evitar frutos molhados, refrigeração. |
| Outras Podridões de Frutos | Sclerotinia sclerotiorum, Geotrichum sp., Pestalotia sp., Phomopsis spp., leveduras | Apodrecimento de frutos no campo e pós-colheita, depreciação comercial. | Evitar encharcamento, proteger frutos do solo, cuidado na colheita, refrigeração. |
| Mosqueado | Vírus Strawberry mottle virus (SMoV) | Diminuição no crescimento, redução de até 30% na produção, sintomas severos em infecções mistas. | Mudas livres de vírus, controle de pulgões, destruição de plantas sintomáticas. |
| Encrespamento | Vírus Strawberry crinkle virus (SCV) | Redução no vigor, frutos menores, perdas severas em infecções mistas. | Mudas certificadas, controle de pulgões, eliminação de restos de safra. |
| Clorose Marginal | Vírus Strawberry mild yellow edge virus (SMYEV) | Clorose nas margens dos folíolos, curvamento, redução de crescimento. | Mudas livres de vírus, controle químico de pulgões, remoção de plantas infectadas. |
| Faixa das Nervuras | Vírus Strawberry vein banding virus (SVBV) | Manchas cloróticas nas nervuras, crescimento reduzido, poucos estolões. | Mudas certificadas, controle de pulgões, destruição de plantas sintomáticas. |
| Vermelhão | Causa desconhecida | Folhas avermelhadas, raízes escuras, baixo desenvolvimento, morte de algumas plantas. | Rotação de culturas, mudas sadias, drenagem adequada, práticas gerais de manejo. |
Conclusão e Chamada para Ação
As doenças no morango exigem manejo integrado para evitar perdas. Mudas certificadas, rotação de culturas, irrigação por gotejamento e fungicidas registrados são essenciais. Proteja sua lavoura adotando essas práticas e consultando especialistas para um cultivo saudável! 🌿🚜
Nota Importante: A Prevenção é a Chave
As doenças no morangueiro, como antracnose, mofo cinzento e viroses, podem devastar sua lavoura se não forem manejadas corretamente. A escolha de mudas certificadas e livres de patógenos é o primeiro passo para evitar prejuízos. Além disso, práticas como rotação de culturas e irrigação por gotejamento são essenciais para manter a sanidade das plantas.
Investir em prevenção, como o uso de fungicidas registrados e a remoção de restos vegetais, reduz significativamente o impacto dessas doenças. Fique atento aos sinais iniciais, como manchas foliares ou murcha, e aja rapidamente para proteger sua produção!
Referência: EMBRAPA